quarta-feira, 27 de abril de 2016

quarta-feira, 27 de abril de 2016
Próximo final de semana, dias 29 e 30 de Abril, estaremos passando por Pirassununga. Serão mais duas apresentações e uma oficina!!! Informações no flyer abaixo:



Algumas notícias sobre a passagem da Cia 22:22 de Teatro e Dança em Penápolis, fizemos duas apresentações e uma oficina lotada!!! Nosso muito obrigado a todas e todos da cidade que foram ver o espetáculo e fazer a oficina! 








sábado, 4 de abril de 2015

A experiência da direção de arte em Después.

sábado, 4 de abril de 2015
A função direção de arte em criações cênicas como na dança e no teatro é ainda recente, ou pouco explorada, embora seja um termo comum em obras audiovisuais. Para facilitar a compreensão do termo, muitas vezes nos apressamos em dizer que a direção de arte trata-se de "cenário e figurino", mas sua função narrativa transborda estes elementos, para envolver todo o conjunto de elementos visuais na cena, com coerência estética, conceitual e estrutural. É um processo de tradução visual, intimamente ligado ao trabalho do diretor e do interpréte criador.

Painel de referências

Em Después, esta função foi recebida com muita generosidade por parte da equipe criadora. Meu primeiro trabalho de direção de arte havia sido com dança (uma videodança), e mesmo assim, compartilho dos sentimentos do diretor Eduardo Brasil, sobre estarmos atentos ao que a bailarina, Ana Clara, dividia conosco, para assim descobrirmos atalhos, curvas e caminhos de diálogo com o imaginário da pesquisa.

Acompanhei com assombro e deleite o material gerado – em companhia da sensibilidade do criador da trilha sonora, Silas, e da atenta presença de produção de Naiane. A cada encontro, surgiam "novas combinações" – cor e dança, textura e movimento, luz e som. 

Trabalhar com um ponto de partida fotográfico é uma instigante tentativa de tradução de sensações, texturas e dimensões presentes na obra da fotógrafa norte americana. Ao mesmo tempo, também resistir à tentação de imitar ou reproduzir literalmente alguns elementos, do irresistível preto e branco às texturas kitsch presentes no universo visual de Diane. 






Algumas propostas: maquete de cenário e teste de figurino

Chega uma etapa do processo em que as propostas precisam se tornar concretas, alinhadas por um desenho de produção. Guiada por uma relação de proposição x desapego, este processo de vestir a cena foi ao mesmo tempo urgente e paciente. De experimentação dos primeiros materiais aos refinamentos (polir a cena), cada descoberta de material foi dançada e celebrada. Felizmente, me parece que esta etapa parece nunca terá fim, e que a cada apresentação, são descobertas novas relações entre a dança e a direção de arte.

Não há como sair intacto de Después. Saímos, no mínimo, salpicados do canto dos rouxinóis e das cinzas douradas da hora do chá.



Imagens: Anna Kühl

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O que acontece después

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sou informal demais e suspeita para falar sobre este trabalho. Mesmo assim, me atrevo a escrever algumas palavras sobre o processo que vivi, durante o projeto Dança e Imaginação.
O primeiro aprendizado desse percurso, foi o de perceber que a criação de um solo, que por definição pertence a uma única pessoa, pode se desdobrar e contaminar diversas pessoas, individualmente, ou um coletivo de pessoas e suas diversas relações.
Este projeto, me indicou uma abertura de caminhos e possibilidades interdisciplinares de relações criativas. Foi um grande desafio, uma vez que todo profissional desenvolve sua forma confortável de atuar, porém, como os demais integrantes, fui contaminada pela pesquisa da bailarina Ana Clara Amaral e fui estimulada a rever minha forma de atuar na produção.
Durante o processo de criação do espetáculo después, tive a oportunidade de trabalhar e re-encontrar com a diretora de arte Anna Kuhl, o compositor da trilha sonora Silas Oliveira, além da bailarina Ana Clara Amaral e do diretor Eduardo Brasil. É nessa fase que esse “solo” passa a pertencer a um coletivo, que passa a trocar suas referencias e pontos de vista, a partir da pesquisa trazida até nós por Ana Clara.
Foi um mergulho de mãos dadas rumo as trocas de referências sobre as provocações das fotografias de Diane Arbus, sobre as técnicas Klauus Vianna e Mímeses corpórea, sobre as referências musicais trazidas pelo Silas e sobre essa temática do fim, do que acontece antes e depois do fim.
Todo esse processo de troca foi sendo impresso rapidamente no corpo da bailarina. Se via em cores, com as propostas da direção de arte, se sentia em linhas do corpo da bailarina que desconstruia e transformava a cada ensaio, as propostas sonoras e musicais da trilha. Cada construção foi lapidada e recortada pela direção até um primeiro acabamento para estréia.
Durante a execução das apresentações do projeto, a troca aumentou ainda mais, e nessa fase, com o olhar de fora do público. Desde os pesquisadores nas palestras, os bailarinos e atores nas oficinas e até mesmo os leigos nas apresentações, foram trocas completamente relevantes para criação do espetáculo después, que foi construído através desses diversos olhares durante esta trajetória.
Assistindo e participando desse processo fui tocada por diversas imagens que me resgataram períodos da infância, adolescência e da fase adulta, abrindo assim, o espaço para o questionamento sobre o futuro, a velhice e a morte. Como seria o fim de tudo? A morte é o fim? O que acontece depois?
Foram trazidas até mim, imagens e sensações que transitam entre lúdico, o melancólico e o cômico, como dizem algumas teorias, aquele filme resumo da vida que passa pela cabeça do indivíduo antes de morrer.
E para que sentir tudo isso? Ter a oportunidade de viver essas sensações através de uma obra artística, só reforça ainda mais o valor da vida, e a esperança de existir um depois, transforma tudo aquilo que estava rígido, morrendo, secando, em algo maleável, flexível, cheio de movimento, vivo.
A todos aqueles que se permitirem sentir e refletir, é uma linda oportunidade para rever todos os conceitos do que se acredita ser a vida e a morte.
O que concluo a partir dessa experiência, é que na verdade, não interessa muito “o que” acontece depois, e sim que essa reflexão continue acontecendo depois e depois e después...

Naiane Beck
Produtora do projeto Dança e Imaginação

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015


Confiram o teaser do solo de teatro dança Después! Em breve informações da nossa próxima apresentação.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sobre a experiência de dirigir Después - solo de teatro dança.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
A direção do solo Después foi assim, um salto no vazio. Nunca dirigi dança, conheço nada de dramaturgia em dança. Nunca acompanhei uma dançarina criar seus movimentos. Não me restou outra coisa a fazer a não ser sentar e prestar atenção a tudo que ela me mostrava, não para entender ou para dirigir, mas para criar condições de estar presente de tal forma que seus movimentos me movessem, provocar algo por ter sido provocado. Atuar como diretor depois de ter sido movido pelos movimentos que eu precisava dirigir. Entendi, após a estreia do solo, que só assim pude assumir que fazia uma direção em dança, não pela qualidade ou acertividade de minhas indicações, mas pela potência que houve entre os elos que nos ligavam, dançarina e diretor,  ao processo criativo. Houveram ensaios em que fui dirigido ao ver uma nova cena. O que vi me afetou de maneira que soube como conduzir, como dar continuidade. E assim fomos desenrolando o trabalho. Abertos ao não saber. Se era teatro ou dança. Se era mais isso que aquilo. Se aquele ou aquele outro. Quanto mais distantes destas preocupações, mais espaço para experimentar. Às vezes acho que também dancei para poder dirigir, pois algumas sensações e idéias foram transmitidas pelo movimento, não pela palavra. Fui forçado a pensar. Isto me lembra um texto retirado de uma entrevista com a pesquisadora Suely Rolnik:

O que nos força (a pensar ) é o mal-estar que nos invade quando forças do ambiente em que vivemos e que são a própria consistência de nossa subjetividade, formam novas combinações, promovendo diferenças de estado sensível em relação aos estados que conhecíamos e nos quais nos situávamos. Neste momentos é como se estivéssemos fora de foco e reconquistar um foco, exige de nós o esforço de constituir uma nova figura. É aqui que entra o trabalho do pensamento: com ele fazemos a travessia destes estados sensíveis que embora reais são invisíveis e indizíveis, para o visível e o dizível. O pensamento, neste sentido, está a serviço da vida em sua potência criadora. (Entrevista a Lira Neto e Silvio Gadelha, publicada com este título in O Povo, Caderno Sábado: 06. Fortaleza, 18/11/95; com o título “A inteligência vem sempre depois” in Zero Hora, Caderno de Cultura. Porto Alegre, 09/12/95; p.8; e com o título “O filósofo inclassificável” in A Tarde, Caderno Cultural: 02-03. Salvador, 09/12/95.)

A cena do chá, como a chamamos intimamente, foi um destes momentos em que fui desfocado pela ação dançada da bailarina, e na busca por reencontrar meu foco, fui forçado a pensar, pensar diferente. Sob uma nova perspectiva, pois as que eu tinha até então não me serviam para acompanhar o que eu via.
Esta cena se transformou bastante desde sua primeira criação, e junto a ela fui me transformando também, recriando a matéria diretor moldada no universo teatral, para uma outra espécie de corpo diretor. Forçado a pensar. Desfocado. Presente. Atuante. Recriado.


Dança e imaginação © 2014